VAMOS FALAR DE SAÚDE EMOCIONAL?
A campanha do Setembro Amarelo terminou, mas continue falando sobre saúde mental.
Prevenção é algo que se faz todos os dias! Por isso tenho um presente especial para você.
Livro: A depressão como fenômeno culttural na sociedade pós-moderna
[Yara Nico, Jan Leonardi e Larissa Zeggio]
O que você encontrará nesse livro:
Epidemiologia da depressão
Fatores culturais que impactam na depressão
Análise de macrocontingências na depressão
Prefácio do livro "A depressão como fenômeno cultural na sociedade pós-moderna" [por Roberto A. Banaco]
Diz a cultura popular que depressão é raiva contida. Acho que todos os que já passaram pela experiência da depressão, desde seus quadros mais leves até ao mais graves, saberá entender essa declaração. E concordará...
Também é verdade que é só olhar para os lados que se encontra muito facilmente uma pessoa que sofre de uma maneira que poderíamos chamar de “deprimida”. Esse problema é tão comum que passou a fazer parte do nosso cotidiano e trouxe a
palavra depressão para a linguagem leiga. Tanto que, muitas vezes, as pessoas falam que estão deprimidas, querendo expressar tristeza ou desânimo – às vezes, apenas cansaço – mas acabam se utilizando desse termo técnico das ciências da saúde.
Para esclarecer estas questões, o livro “A depressão como fenômeno cultural na sociedade pós-moderna” traz-nos uma análise aprofundada do fenômeno clínico tecnicamente chamado de depressão – ou mais especificamente “Transtorno
Depressivo Maior” – de uma maneira que interessa tanto a profissionais da saúde quanto a leigos nessa área.
Interessa a todos porque aborda de maneira ampla o fenômeno da depressão. Desde sua concepção enquanto conceito científico até explicações de cunho sociológico para explicar seu aparecimento, o livro apresenta de uma maneira muito bem fundamentada o conhecimento necessário para esclarecer, compreender, procurar tratamento e prevenção do mal social maior.
Os autores resolveram iniciar a obra com uma descrição dos parâmetros diagnósticos atuais do TDM seguida por alarmantes dados epidemiológicos mundiais que demonstram que a depressão tem afetado todas as raças, classes sociais, sexos e credos. Em seguida abordam o tema pelo enfoque da análise do
comportamento, lançando bases para o levantamento de fatores que poderiam concorrer para o aparecimento de um contorno definido da depressão. É aqui que o livro dá ainda um salto maior e ganha amplitude: além de analisar propostas de
grandes autores behavioristas radicais, Yara Nico, Jan Leonardi, e Larissa Zeggio destacam outras explicações embasadas em dados sólidos de modelos experimentais diversos, estabelecendo um diálogo que retira os analistas do comportamento de seu entrincheiramento conceitual e teórico. Estabelecem pontes de contato com o respeito que os demais profissionais merecem e têm como primeiro resultado um elucidativo panorama a partir da visão peculiar com a qual a análise do comportamento contribui para diminuir o sofrimento dos indivíduos.
Um destaque deve ser dado ainda à importância reservada pelos autores ao papel do comportamento verbal como um dos determinantes do processo depressivo. Isto valoriza todo o desenvolvimento de pesquisas sobre esse tema e consolida abordagens técnicas que auxiliam no tratamento da depressão.
O diálogo com interpretações de bases filosóficas e conceituais diferentes das da análise do comportamento segue na terceira parte do livro, confrontando enfoques sociológicos e de desenvolvimento da cultura com um quadro alarmante
em que relações sociais são destrinchadas. Neste ponto, ficam reveladas e apontadas as profundas mudanças sociais necessárias para que a depressão não se alastre. Aqui, novamente, expoentes da análise do comportamento têm suas ideias representadas juntamente com as de outros historiadores e sociólogos do pós-modernismo em torno da análise da depressão, com um resultado coerente e indicativo de novos fatores contribuintes da determinação e da necessária mudança social.
Por todas essas razões, “Depressão...” é um livro necessário. Contribui para que tenhamos consciência da gravidade e profundidade do problema, modula nosso comportamento para direções distintas das que temos praticado, e aponta direções de enfrentamento do problema, quer já esteja instalado, quer tenha que ser dirimido antes da sua instalação.
Roberto Alves Banaco
Inverno de 2016.