Livro: "O amor de alguém: crônicas de esperança"
“Escrever é a arte de transformar a dor em aprendizagem.” (L.Z.)
Decidi compilar essas crônicas como um registro de amor. Tal qual o amor as inspirou, por amor escolho as eternizar.
Aos incautos: não se tratam de crônicas sobre amor entre amantes. Nem é a paixão que as dirige. O que as move é a dor e o medo, assim como a esperança e a fé. Portanto, queridos leitores, tenham em mente que a temática será dura, ainda que acolhedora.
A ameaça de perder alguém que amamos de forma inesperada talvez seja uma das dores mais mobilizantes que já conheci. Talvez ainda maior do que perder, de fato, um amor. Pois quando o amor se vai e temos o luto, o que nos consome transitoriamente é a tristeza e as saudades, com maiores ou menores pitadas de culpa. Mas quando o amor ainda está, cambaleante entre vida e morte, é o medo e a impotência a nos consumir.
No dia 25 de outubro de 2018 a vida me trouxe uma tragédia; dessas que são difíceis até de definir.
Naquela quinta-feira que se iniciou não muito diferente das outras, minha mãe e meu marido sofreram um grave acidente de carro, a poucos quilômetros de casa. Do telefonema do serviço de resgate – enquanto minha mãe ainda estava presa aos escombros – até o dia de hoje, a vida parece ter seguido seu próprio rumo, bem diferente do controle e planejamento que eu estava acostumada.
Escrever foi a única forma de enfrentar meus próprios demônios, atiçados pela tragédia. Inicialmente os registros, publicados no Facebook, começaram como forma de informar os amigos e familiares. Aos poucos foram se transformando em uma ação terapêutica, para me ajudar a digerir tantos e tão intensos sentimentos. É possível perceber quando as palavras de desespero se tornam algo diferente com o passar dos dias.
Não. Não tenho a pretensão de achar que o que escrevi tem, de fato, valor literário. A estética das palavras não foi pensada ou produzida em momento algum. Vomitei palavras e sentimentos como se ambos fossem a mesma coisa e, em alguns momentos, um pouco de lírica pode ter aflorado.
Mas escrever foi a forma de transformar todo o medo e impotência em esperança. Aprendi a reverenciar o amor, cultivar a gratidão, descobrir a fé, reencontrar a sanidade.
Sanidade... não sei ao certo se a reencontrei ou a redefini. O fato é que essas crônicas me permitiram seguir em frente e enfrentar meus demônios de um jeito mais suave.
Desejo que todos aqueles que encaram suas tragédias se permitam escrever; e que encontrem algum conforto na minha própria dor.
Com gratidão,
Larissa Zeggio, 16 de junho de 2019.
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